quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

chao que piso

ate o chão que piso, desliza em meu corpo
como sendo asas que ruflam no espaço
meu cansaço é febre nas veias que sagram
teu sorvete derrama em minha boca salgada
seremos o perfume na orquídea
... que se esconde nas arvores da floresta
natal é mendigo sem festa
é escuridão depois do abraço

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

sou sempre o mesmo quando sou outro
mesmo sendo outro na intenção do mesmo
mar de lama quando sou limpeza
sal da vida plena quando da rudeza

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

o sol que me esquenta

o que voce vê em meus olhos são lágrimas
mas são lágrimas felizes
matizes de amor
fetiches sem cortes
são desejos que a sorte alimenta
o que voce sente por mim me faz homem
me faz sombra em meio ao sol que me esquenta

aguas que me banham

estive vendo o mar de uma montanha
tao longe que me senti voando
distante do sal que me eleva
seguindo as aves do céu que me guiam
pude perceber que me envolvo nas ondas
que me banham

domingo, 4 de dezembro de 2011

acordando cedo

acordando cedo para ver o sol o nascer
me levando nos braços para o céu azul
nesse tempo frio que me faz tristeza
como a natureza que traduz meu sonho
já não sinto medo já não tenho apego
... só meu coração é quem vai marcar o vento
nas curvas que tento as ruas são rios
no meu mar de desafios que me faz menino
no meu jeito peregrino que me leva o choro

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

é nessa mescla
nesse emaranhado de povos
que me renovo
que me refaço
que me remeto
... gente cantando
falando poemas nas noites
é nessa mistura
que eu quero sentir que desejo
é nessa canção
nesse embalado cantar
que faço a vida
que peço viva
que sinto virá
poesia na rua
com todas as vozes
que irão soar

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

receita

receita para crescimento intelectual..
.
prepare seu café da manhã regado a tom jobim
com pitadas de joyce e um pouco de manassés
as nove tome Iamandú
ricardo silveira e radamés
chico science com o seu maracatú
elomar e xanguai com seus cordéis
no almoço tem lenine tem joão bosco tem taiguara
pode rolar belchior almir sater joão do vale
a tardinha poe elis rosa passos e simone
simonal jorge benjor chico buarque
ednardo nilson chaves robertinho do recife
para a janta já se pode ouvir tim maia
mutantes noel rosa valdir azevedo
o segredo é por de tudo na panela
fagner joão donato geraldo vandré mona gadelha
depois disso já é noite eu sugiro
legião frejat cazuza sepultura
skank ira chico cesar dona leda
para dormir aí só manter o clima
um gonzagão um gonzaguinha um beto guedes
com djavan com pixinguinha com cida moreira
tribo de jah gilberto gil e sergio souto
sergio sampaio sergio endrigo sergio mendes
tunay lulu santos demonios da garoa
zeca baleiro mosca ney matogrosso
o sono chega eu garanto um bom descanso

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

eu preciso entender o que penso
preciso cantar para a noite
sentir que a lua é quem brilha
meu canto é quem faz-me cantor
preciso de ti ao meu lado
... sentir que o calor é quem faz
a parte do amor que invade
o rio correndo se esvai
preciso cantar do meu canto
da aldeia da qual me inspirei
fazer-me canção eu preciso
cantares que eu cantarei

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

estou querendo respirar
sem folego nao consigo
o mar me cobre
o rio me banha
a lagoa inunda-me
até igarapé faz de mim banzeiro
vejo o mar nos olhos do céu
sinto seu cheiro
beijo seu rosto
sou seu amante ao por do sol
muitos me falam das ondas
... buscam seu sal
vivem seus peixes
são pescadores em suas jangadas
deixe-me banhar em suas águas
serei o azul do infinito
cantarei poemas
límpido olhar que mira a luz

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

sou daqueles que se emociona com a poesia
minha guia é feita de contas de todas as cores
minha fé é quem reflete a vida dos meus desenganos
meu sabor traz o licor dos lábios que vem dos amores
pela terra pela paz por vida por toda verdade
... pela mãe pelo irmao por tudo que tenho vivido
pelo pão pelo que durmo e tudo que me faz coragem
pelo amor que tu me entrega e tudo que me é merecido
é moinho de vento em meus olhos
que rodopia o desejo insano
vem me ver entre horas noturnas
sem perder a noção do engano
vou te dá todo amor que precisa
... te levar para o fim do planeta
vem me beija que a boca te espera
a cabeça é quem faz tua faceta
não me beija por que quero só isso
me abraça por ter fome de morte
comunhão é feitiço de lua
natureza minha propria sorte
estou com a alma em brasa
no meio do fogo fico acesso
passaro que cortaram a asa
nao voa por ficar com medo
estou com a voz tao rouca
... nem dá pra ouvir meu grito
quando eu te deixar bem louca
acreditarás no que eu digo
estou me vendo na praia
o vento é meu guia na terra
quando tirar tua saia
só vai começar outra guerra

sábado, 22 de outubro de 2011

solidão não está sozinho
é compartilhar cada parte do ninho
mesmo na escuridão
e se desprender do laço que nos traz nas mãos o carinho
afagando o rosto no espelho
... se te sentes só
pensa que existe um mundo em volta de tí
que faz ao teu redor a cantoria da alegre manhã
quando o bem-te-ví canta na porta de casa com o alimento no bico
para levar comida ao seu filho
solidão pode ser conversa
pode ser a certeza da pressa em falar
ou talvez matar a vontade de dormir sem acordar
sonhando com o vento no rosto
em plena areia que banha o mar
vim de longe pra te ver
não sabia o que falar
não trazia verdades nem mentiras
vim nas asas
do violão do aroma
... dissonancia que a mão apaixona
consanancia de acorde e voz
e cantando
batucando com os dedos
na canção que explode a alma
comoção de platéia e cantor
vim pra dentro dessa festa
cante comigo amor
é voce quem pode mudar o mundo
pode fazer diferente
encurtar o caminho para o sol
dividir o que entrega aos amantes
quando da fogueira que esquenta
... esprime o teu canto na esquina do tempo
e leva para o teatro da vida o espetáculo
é voce quem vai arrepiar de verdade
as nuvens de chuva que caem
quando a terra estiver seca
fazendo crescer a planta que faz vida

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

sopra esse vento de mar que me banha e me acalma
traz esse olhar que me brinda com o mar que é saudade
ah esse peito que arde em maré maresia
coqueiro verde que embala essa tal de vontade
toma essa agua de coco na onda que é tempero
... vem que te beijo com sal que meu mar predomina
tem iracema meu canto no mar do poema
tem minha paz minha vida tens a minha sina

sábado, 27 de agosto de 2011


no terreno do conflito que mostra a face do medo de quem grita no escuro
sou seu ferro sua brasa na careta de quem vira seu desejo de insulto
não me diga que é verdade que é verídico ou sem mácula
essa falsa liberdade que sentimos se amontoa na verdade dos jornais
nas paredes de cidades espalhadas pelo mundo que tenta ser racional
pão e circo é pra agora,sem demora sem promessa sem suborno
mas não traz a arte pura da certeza que não vale pra pobreza arte não tem esse contorno
estamos metidos no olho do furacão de dentro da onda que rebenta
que atrapalha a cantoria de outros tempos nos ouvidos pelo rádio
mas o que ainda me contenta é ser feliz mesmo sem jeito de ouvir outra história
sem ter que esconder o grito de carros que passam nas ruas aos gritos
mas que trazem sempre o mesmo enredo pelos altos falantes das senhoras
dos senhores dos meninos, outros sinos que embalam a luz da noite pelos postos
por suposto eu sou um desses que esperam
que isso passe e que venha outra mais saudável.
fizemos uma caminhada com o sol no céu
não era o calor que temos no nordeste
mas tinha a sensaçao de ir a caminho do mar
o norte, nem se fala esse calor refestesse
o sabor de azul que todo céu traz no olhar
nossa caminhada ia se aventurando
em linhas da cidade que desconhecemos
mas que nos trazia tanta alegria
de chegar ao ponto como desejamos
sábado de sol parece com mamonas
mas já  aqui no sul esse refrão combina
demos longos passos pra limpar a pele
e assim sabemos mais desse lugar
gente simples outras pessoas seriam
mais um brasil pra eu saber de fato
nenhum livro nem um dicionário
traria esse saber que tomo por conceito
esse saber que está por dentro do contato
boa caminhada essa de fim de sol
começo de outra estrada
trilhos de trem que passam dia após dia
levando esse carvão para fazer passada
essa historia viva, nesse momento que descubro
outra cidade criciuma, outro lugar pra eu guardar
cheguei em casa com as compras lembrei de iracema
no cais bar na ponte no estoril história
das longas caminhadas do pirambú para a noite
pelas manhas amanhecidas
por horas e horas de frio pela madrugada
não frio nem nada era somente um aviso
esse frio de que falo é preciso
é saber caminhar outra área

sábado, 20 de agosto de 2011

sinto o cheiro do mar de iracema
poema que encanta a brisa
vento que encanta o mar
saudades da jangada lisa
que vai deslisando
...seu canto jeito de cantar
preciso de ti iracema
dos teus sonhos de infancia
dos teus peixes e sol
distante de ti sou poema
que vai revelando o destino de um só
seremos muitos ao teus pés
na ponte na prancha onde tú estás
reverenciando teu beijo
nas bocas que cantam
nos sonhos dos que amam

domingo, 14 de agosto de 2011

me dizes coisas e creio
que podemos mudar nosso verso
mudando o encanto do tempo
transformando o relógio o reverso
se esvazio me perco o recreio
...se preencho sou seco sem nada
o ponteiro só marca o momento
esse canto na rua da estrada
me dizes loucuras viagens
que esse meu prazer contamina
essa sina que encanta vontade
se dizes essas coisas lindas

terça-feira, 9 de agosto de 2011

agri-doce

sou o doce que teu amargo persegue
sou o amargo que teu açucar segura
não sou cordeiro em pele de lobo que gere
o lobisomem que engole essa criatura
sou tal amante na madrugada que esquenta
...o viajante ultra-solar das alturas
se sou morcego, cego nos dias sem prece
a imensa asa que rufla ao som da bravura
se me demito sou o poder da desordem
se tenho calma, vivo essa angustia que cura
minha semente jogada ao vento no campo
o agri-doce apontando o cetro pra lua

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

imitação

não gosto de comparações
cada um é cada um
e tem em seu interior sua alma viva
gosto do diferente
do que não imita
...gosto daquele que grita
do que vai longe sem dores
daqueles que são errados na mira
mas que acertam no alvo
que superam suas feras
dos que se metem no impossível
e se remetem á salvo
comparar é pra quem não tem identidade
que se acostuma com falsa verdade
nem cover nem imitação
gosto do novo que acende
qualquer cigarro no fogo
e que se doa a qualquer preço
mesmo que perca o jogo

domingo, 7 de agosto de 2011

pecado

não tenho medo do pecado
tenho medo de não saber dizer sim
de não poder de encontrar em mim
e me perder no meio do deserto
pecar é rezar para o nada
...que não te diz como fazer a estrada
e que te leva para ver o sol raiar
tenho medo de ficar preso ao vento e não saber voar

terça-feira, 19 de julho de 2011

sou o osso da boca do cão
caboco remando na estrada
não sou bucha de canhão
nem falo pela boca errada
meu canto é veneno de espinho
...meu vinho é amargo sabor
na mão tenho sempre o bom pinho
tocando canções de amor
me fale se o canto é mais forte
meu lobo faminto é quem fala
sou teu pelo azar da sorte
caboco sabe a hora que cala
me falta a luz dos teus olhos
me falta a onda pra mergulhar
me falta o suor da noite
quando penso em me deitar
quebrar o gelo dos vidros pela manha não tem preço
soltar fumaça pela boca quando fala
no frio é assim, tudo mais calmo, mais lento
embalo de dança sem ter sala e dançar sem arrependimento
neblina e nuvens se aproximam
...o sol se retira sem desculpas
os dias parecem silencio
a dança parece ternura

segunda-feira, 18 de julho de 2011

rio do rastro

é serra é rastro é rio
é tempo que não quer passar
é serra do rio do rastro
que passa a fazer meus passos
a cada hora de espera que pensar
...ao amanhecer a neblina cobre o rio
nenhum rastro de serra tú verás
quando o tempo que se esvazia manso
enquanto sinto o coração acelerar

quarta-feira, 15 de junho de 2011

água e bilha

dessa luta por vontade de crescer
desse jeito de fazer acontecer
somos passos nessas ruas da cidade
somos grito nesse mar de comunhão
nem talvez nem pensamentos de revolta
só coração que bate firme em cada um
essa força que nós temos que nos movem
a certeza de contar para os que vêm
foi assim aquela grande caminhada
e de mãos dadas somos mais que o poder
voce e eu cruzando aquela longa estrada
na companhia que refaz nosso querer
a multidão seguindo enfim seu movimento
o sentimento de fazer mais que a razão
somente canta esse canto de vitória
águia que abraça suas garras em pleno vôo
não sei se temos tanta força assim que eu digo
mas sei que somos cada vez mais gente em fila
e nessa luta contra o poder que oprime
seremos fortes companheiros água e bilha
se encha de leitura, se preencha de saber, quem ler decifra quem sabe compreender...

sem dormir

sem dormir me arrepio de dor
é com se fosse a ultima dor que sinto, é como se fosse a hora da morte mas não sem sorte de ver meu instinto

sexta-feira, 10 de junho de 2011

sou professor

sou professor
te incomoda???
sou professor que luta pela educação de qualidade
pela formação com continuidade
te incomoda????
ver meus cadernos???
estão prontos para a aula da vida
como forma de crescimento intelectual e pela boa aparencia de todos
não discrimino, não reprimo, não desestimulo meus pupilos
sei que serão críticos e faço tudo pra que sejam
te incomoda???
sou professor nesse mar de desigualdade
amo a todos em sala de aula que estão aprendendo com nossos erros
fazendo greves para melhorar suas lutas diárias
indo para as ruas gritar contra os maus salários
te incomoda???
sou professor nesse brasil de miséria
que já não tem tempo de espera para crescer com liberdade
vi cenas de dor pela força dos que não pensam
vi caras de fome pela mão dos que dirigem nossos sentidos
não as quero mais
não as quero em nossas vidas de angustia por força do medo em nossas cabeças
sou professor que defende seus princípios
que sonha com dias de glória
vendo a possibilidade da vitória que nossa revolução faz a cada um sentir
sou professor reaprendendo seu grito
dentro bem dentro do conflito
que não pensa em se calar
te incomoda???
sou professor de mãos bem limpa para a luta
nossa conduta nos ensina a caminhar
mas não te enganes, sou professor de muita força
que posso tudo que esse brasil imaginar
juntos seremos bem mais fortes com certeza
juntos faremos a nossa revolução
educação cultura arte para a vida
é nossa imagem essa é nossa missão
te incomoda???

domingo, 5 de junho de 2011

sem titulo

cada movimento incerto na parede lisa
tem um forte odor que o cheiro realiza
nem tem vão nem vem e vãos de pés descalços pisa
e assim se firma único movimento em prol da Monaliza
escrever não é somente reter o segredo
é realmente ser do calor do seus dedos
pena e papel sem pauta na gaveta aberta
nessa coisa em falta
nesse arranha céu nesse mundo ás asvessas
de cabeça pra baixo esse meu violão

dança

no meio do terreiro dança a negra
seu corpo embala a noite de luar
é como se chovesse poesia
em pleno equilíbrio á beira mar
traduz o que somente ver e sente
a quem pertence o corpo quando esvai
somente quando brota quando nasce
aos passos que flutuam que destrai
é minha essa alegria ao ver a dança
é meu esse prazer te ver dançar
sentir que o corpo é fruto que se lança
terreiro negra e dança á beira mar
a lua brilha longe mas sensível
reflete todo amor que a ela diz
que dança que flutua que revela
nuances da beleza da matiz
adoro toda dança dessa negra
terreno que não piso que não giz
escreve em ondas de areia dessa praia
espalha a dança o corpo que feliz
se molda se conforta se remete
ao tempo dos broqéis que Cruz boceja
é negra essa mudança dança noite
terreiro poesia que graceja

quinta-feira, 2 de junho de 2011

dias alheios

no meu coração em pedaços
somente os trapos da angustia refletem sinal de beleza
solidão nas noites de frio
multidão nos dias alheios
chuva forte em torno dos mares
rios caldalosos em meio a floresta
arrepio em pele de loucos
maresia em restos de frases
quando os peixes se enchem de festa
no meu coração de tormentas
somente os farrapos na cara dos pobres
que são de ternura os olhos dos ventos
que são só invernos nas mentes que passam
solução de quem quer ver vitória
comunhão na entranha de abraços

quarta-feira, 1 de junho de 2011

blues despido

despi-me do medo de dizer que amo
sem roupas posso ter reflexo do meu ser
dizer não é tudo porem enche inflama
sorte para a morte por traz do prazer
eu nú e tú louca na razao do medo
voce na corrente da paixao reluz
despido na cama acompahado d´alma
sem calma pra tí, sou muito mais que blues
despi-me não nego esse meu gozo aborda
loucura do medo pra trazer a paz
loucura é detalhe que reflete a palma
que a mão do espelho brilha e satifaz
nem sombra nem grito esse medo é segredo
meu jeito de amar como se ama Deus
mas vem comigo esse meu blues despido
e nú te peço que venhas ao braços meus
um turbilhão na cabeça que inflama
no frio do quintal sem uma cama
na aparencia de quem fere uma dama
eu sou o grito dos peixes no mar
queria ver meu som na boca do mundo
ouvir o tom do surdo quando bate no compasso
poder falar sem travas na arena dos loucos
espalhar solidão na multidão de abraços
queria ter segredos no vendaval de sonhos
sentir teu cheiro pouco mas que sinto agora
gritar aos ventos todos os sentimentos muitos
mas vou ser feito canção na aflição de outrora

quinta-feira, 26 de maio de 2011

dos olhos do medo que falam
dos dentes ferozes do cão
na mente que enfrenta outra alma
do peso que está na canção
somente quem for passegeiro
somente quem for avião
teu medo na mão da miséria
segredo do teu coração

bandido ou falsário

no meio de qualquer tolice
na alça que tira o foco da mesmice
sem preocupação com a vanguarda
não sou eu quem faz a estrada
sou eu quem camufla o estardalhaço
nem pedágio nem palhaço
sou teu fel na primavera
nem vem com essa conversa que te espera
pois meu samba bate dentro do conflito
nem que tú soltes outro grito
renegarei o meu inverno
sou bandido que dá torto por correto
sou falsário dando voltas quando pruma
nesse mar de borboletas que te arruma
nesse rio de aflito e de cansaço
porem salto noutro braço que te agarro
vens comigo pois sou sangue que espuma

sexta-feira, 20 de maio de 2011

vendaval dos sonhos

nem todo vendaval é passageiro
nem todo carnaval é diversão
sou matuto dando voltas no canteiro
sou chibata dando sova no peão
no meu sonho vendaval é diamante
no meu canto sou quem planta emoção

na matraca que rebenta o silencio
nesse sonho vendaval é coração


 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

deixe

Deixe-me apaixonar
Não sou o fel de ostra
Tenho mar salgado a navegar
Tenho mel de orquídeas na língua
Meus dentes são de marfim
Minha voz o girassol
Deixe-me apaixonar
Sou filho do cata-vento
Meu verso voa no vento
Sou bicho igual ao planador
Canto o fim do silencio
Sou maior que o tormento
Deixe que eu lhe mostre a vela
Deixe que eu lhe não jogue a terra
Meu violão tem pernas
Minha canção tem sol
Deixe-me apaixonar
Deixe que eu tenha conflitos
Meu canto serve de grito
Deixe que eu grite amor

é fogo

O fogo não perdoou naquele verão de 1998, e o lavrado queimou durante dias e dias, não deixando muito que se ver de belo de pé. Animais mortos aos montes, terra pintada de preto, fumaça invadindo as casas em Boa Vista, um verdadeiro pandemônio, com saldo de crianças e mais crianças com problemas respiratórios e muitos olhos irritados por conta da grandiosidade do desastre ambiental em que se meteu algum desavisado que costuma atear fogo pra renovação de seu pasto e que está cansado de saber que a prática da queima tem que ser controlado por quem é capacitado para tal, com responsabilidade de conduzir com uma brigada de combate ao incêndio, não muda o hábito de ser Nero.
A imprensa do mundo inteiro se voltou para Roraima, uma verdadeira avalanche de repórteres da mídia internacional, tudo como nunca havia sido antes e com um ar de que as coisas poderiam sair com muitas outras informações a cerca do que é o estado mais jovem da federação brasileira. Mas perdemos essa oportunidade.
Perdemos porque não tínhamos nos preparado para um acidente de proporções tais que nos levasse a ver que o mundo não veria apenas dor, mas luz na terra de makunaima, onde o todo é pouco sobre a mesa dos desiguais, e que a mão do poder que gera a fome, desperdiça com ódio o sabor do medo que corre nas veias dos homens da tribo, e não deixa que mostre a outra face do lavrado, onde vivem dezenas de famílias que perderam quase tudo, menos sua dignidade, e lutam com unhas e dentes para construírem seus sonhos, para reconstruir suas histórias e não perder o bonde, onde a cultura de um povo não deve esquecida ser e nem deve ser renegada.
Mais uma vez a televisão nacional mostrava nossa fronteira de um ângulo não muito turístico, parecendo um tanto maldoso, onde o maldito é furo de reportagem e o extraordinário não passa de um detalhe e passa batido.
Precisamos divulgar nossa aldeia, necessitamos olhos de curiosidade, não vamos chegar a lugar nenhum com as costas dadas para o grande fluxo de pessoas que fazem de suas férias caminhos pela Amazônia, e que não chegam a Boa Vista por falta de convite.
Boa Vista quer receber seus visitantes com arte, com sabor de buriti, dando as boas vindas aos estrangeiros com farinha na veia, como diz o poeta popular e não com brasas em chamas, ao não ser a chama da emoção, a luz do canto do artista, a chama acessa do coração em harmonia com a vida e com a natureza.
Vamos nos lembrar do passado para não cometermos os erros no futuro, e aprender com as necessidades, revelando crescimento interior, e respeito pelo próximo.

livres

Seremos livres pra viver
Seremos amores
Na nossa emoção de conhecer
No melhor de nossas almas
Seremos firmes pra cantar
Seremos cantores
Na nossa missão de pertencer
No maior de nossos carmas
Seremos assim por toda a vida
Pai e mãe quando do sono
Irmão confidente para os deleites
Se estivermos felizes
Se passarmos pelas praias do nordeste
Se nos dermos à mão na cordilheira
Se a galera gritar com seus tambores
Seremos livres pra viver
Seremos vida e nada mais

guerra urbana

Quando estamos em pé de guerra, pelos anos que sofremos de lutas e de desconforto para nossas vidas se curvarem diante dos demônios da nossa visagem, e não temos nada que faça a mudança dos folguedos nos arraiais da intolerância de nossas mentes sem sombras, todos os cantos encherão a sala dos incondicionados e levarão as pedras da bondade para a batalha do caos urbano na fronteira do estar e do compreender, nem sempre lembraremos das almas dos povos esquecidos e nem sempre falaremos para a vida que se passa na calçada indo ao encontro do desespero e da incomunidade, estaremos fazendo o mesmo que aqueles a quem nós comumente jogamos essas pedras e eles estarão confortavelmente nos assistindo cair pela força dessa guerra que não sabemos quem iniciou e quando vai terminar.
vou atras da vida
mesmo sendo ríspida
mesmo em tempo quente
nao que eu queira ser gente
nao que eu tenha matado a fome
vou com ela pelo mundo
sendo eu o caminho
menino vestido de homem
olhos que nao enxergam
ventos que nao sopram
vozes que nao cantam
bocas que nao falam
tudo quase sempre como antes
antes tudo como sempre
quase sempre antes de tudo
ascendendo aos montes mais altos da paixão
no intervalo de uma outra canção
pude colocar-me diante do trono da luz de cada musica que ouço e faço
pude ver que cada laço
encoraja o coração
sem ter medo da queda de tão alto
sem deixar que o segredo escape pelas mãos
subo mais e mais sem forças, mas com vontade
e quero ver quem subirá junto comigo
e levar seu canto para os altos do infinito...
tento cantar na voz que tenho
fazer soar meu destino de cantor
talvez não possa ter ouvidos atentos
mas soltarei-a a hora que for
não me venha com palavras vãs de compaixão
não te dou o direito de resmungar
seus ouvidos nao ouvem meu coração
solto o canto para os ouvidos do mar
serei sempre assim em meu tormento
atormentado no silencio de quem pára
meu canto segue o rumo do vento
e espalha sangue quando encalha

no nepal ou no baliza

No Nepal ou no Baliza
Quebra-pau internaliza
Só Gomorra quem ta vivo
Esse inferno é paraíso
Depois desço pra Argentina
Litoral de Passadina
Gelo negro carvão branco
Osso duro dói no manco
Quem tem perna pega o tranco
Sou de fora desse banco
Nem tremor nem piracema
Pirambú ou Ipanema
Corro fora pé pra dentro
Respirando o cata-vento
Não sei quem é que ta certo
Penso torto no correto
Massacrando o olho alheio
Me escondendo do aperreio
Vendaval é prato cheio
Na comida de outro cego
Pros diabo te carrego
Essa tal de ventania
Vais de noite vou de dia
Cutucar com vara curta
Nem tem quem tire essa luta
Nem tem como ser honesto
Vê se desce na pancada
Que eu condeno quem ta mudo
Não me curvo no insulto
Não me meto nessa guerra
Sou eu quem faz dessa terra
O que ela tem de fato
Musica arte carrapato
Meu desejo de ta perto
já vi de tudo nesse mundo
mas não sei o que fazer quando a dor bate a porta
abro e deixo-a entrar
fecho e peço pra sair
finjo não ver e sigo
só sei que que bate como bate meu peito
só sei que arde como arde esse jeito
já vi de tudo nesse mundo
mas vou continuar sem saber o que é direito
estou com fome de arte
procuro por toda parte
em escadas
pontes
viadutos
só encontro insulto
só me vejo aos prantos
estou com fome de arte
tenho deitado na rua
caminhado entre os loucos
me fascina os cantos
sou do peito o grito
solto a voz pro infinito

meu mistério

sou dos que movem a terra
daqueles que entram porta a dentro
arrebentando tudo sem contratempo
mas de noite paro
sou quem dou as cartas do baralho
mesmo na viga que te segura
sendo estrada só de curvas
mas deixo pra tí o que quiseres
na solidão do vento que me quer
suave e pluma
não sei se vou deixar voce nas brumas
mas vou contigo para o céu infindo
sou sentimento e saudades
sou destino
no teu deleite me procuro e te encontro
desse jeito mesmo que te arrumo
desse mesmo jeito te espero
sou seu caminho torto
sou mistério
mas é o fim da noite que consumo

meu sol

é no sonho que componho
minha veia queimando em brasas
solto as asas par de plumas que flutuam
sou vaqueiro nesse mar de palavras
quando queima minha boca
é no beijo dessa louca
ironia na visão de outra senhora
só meu sonho que adormece essa história
só meu verso nesse vão que te suporta
não me escondo atrás da porta
não me vejo em outra praia
cavalgando meu cavalo de batalha
na certeza de outro grito que me acorda
nem meu peito mexe o forno nem o fogo
só teu sol que ilumina meu desejo
a galope corro pelo mundo inteiro
desse jeito solto a rédea vou no braço
sou areia sou fogueira sou cançaso
mas não deixo que meu guia seja morte
só a vida é que vai ser o teu suporte
só meu vinho vai jorrar na tua taça
montaria melodia que te abraça
esss sonho que te eleva e te devora
é meu tempo esse tempo dessa hora
é meu manto que encobre o movimento
nossos corpos envolvidos de tormento
nossas luzes encandeiam o violino
sons de palmas sons de almas sons de sino
somos valsa nessa voz em meu menino
sempre ouço a voz do vento quando bate no meu rosto
sei que ele quer me dizer algo
um trago
um gesto
um gosto
as vezes não traduzo
as vezes só deliro
meu rosto no orvalho
o vento é paraíso
ouço o soluço que ele emana
me dizendo que há vida em meu mistério
mas eu digo pra esse vento que o-carrego comigo

não me fale de pensar

Não me fale de pensar
Pensar dói
Esquenta a cabeça
Ferve o teto
Quero ser daqueles que não pensam e são felizes
Quero ter que pensar somente em ti
Não me furtar das coisas boas que a vida busca
Ser um ser que pensa é complicado
Todos te olham como alienígena
Vou parar de pensar e ser comum
Talvez assim seja mais tranqüilo
Sendo um comum que não pensa
Quero ver quem vai me criticar por não pensar
Não mudei nada com eles
Mas mudarei a mim
Ta decretado
Daqui pra frente só penso em você

a própria sorte

não se ama quem Obama quem Osama
se mata de amor por seu povo
quando corro do fogo cruzado
do lado de cá somente balas de borracha
que racha a cabeça de quem não entende
se ama o sol o céu o mar
que transborda em tsunami quando derruba torres
que arrebata e acende as nuvens de cogumelos
não se ama nenhum planeta amarelo
de olhos esbugalhados pela ira do Irã
nem terremoto nem avelã
se ama pela voz que canta mesmo
pela voz que entoa a chuva
me diga voce o que entende dessa purga
sou meu vento drrubando almas
nas cálidas ruas da morte
se ama a própria sorte
nem sol nem lua na minha janela
só solidão é o que me espera
nem vento nem brisa a banhar meu rosto
só tristeza do mes de agosto
nem musica nem poesia na voz da deusa

meu sangue

é meu sangue que voce derramou
quando disse que não ficaria
cada vez que se perde algo
que achava-se perpétuo
como sandalo em ilhas de flores
como bilhas de águas cristais
é como sonho que abraça a estrela
quando o navio que atraca está distante do cais
deixando a esperança acessa
de encontrar outro porto
que revele-me o caminho
quando a estrada for o mar
que te leve a outros ais
é meu sangue que voce derramou
quando vi que não voltavas jamais
nem sol nem lua na minha janela
só solidão é o que me espera
nem vento nem brisa a banhar meu rosto
só tristeza do mes de agosto
nem musica nem poesia na voz da deusa
só soluço a molhar minha mesa
nem violão nem guitarra tocando forte
só um caixão esperando a morte

desejo de sonhar

tenho a impressão de que não serei fiel aos meus princípios
serei amargo pela boca alheia
aranha sem teia
pés descalços pelo mar
mas terei certo cuidado quando a onda que derruba fizer tubo
quando o tubo que te envolve for pancada
nos ouvidos de outro vento que soprar
tenho a impressão de que não cantarei nas noites quentes
serei silencio pelo véu do teu seio morno
pássaro de fogo
mãos ardendo pelo céu
mas serei vontade no desejo de te ver bondade
quando o tempo for saudade da estrada
nas veias que revelam teu sangue alma
quando entrarei de porta a dentro
uma abelha indo a busca do teu mel
impressão que passará quando for dia
quando a fonte de energia me guiar
impressão que matará a luz noturna
feito capa de outra chuva que não pára de banhar
chuva fria em madrugada
impressão de minha amada
meu desejo de sonhar

pedras para o céu

para atingir aos céus
joguei pedra para cima
não ouvi nenhuma reclamação
e os véus da noite
não me responderam
porque sou artista
porque não tenho convenio com os ricos
porque não me curvo a eles
porque minha arte briga com os dentes afiados
e nenhum homem morde a propria carne
minha musica atravessa os nortes da alma
e golpea as vozes do inconsciente coletivo
nas veias que se enchem de sangue derramado
joguei e jogarei mais
pois sou artista que não mente
que desmente a falsa arte
que nos empoem os falsos amantes
e que não fazem do homem animal racional
pelo contrário o deixamsem razão
na feroz matilha de lobos esfamiados
pelo poder
pelo querer
pelo se dar bem mesmo queseja pela morte do outro
minhas pedras chegaram aos céus
e bateram na porta dos deuses
pela educação dos homens
pela agonia de ver filhos vivos
pela esperança de vida sem fome
pela vigilancia de homens com instinto
minhas pedras de arte para o mundo
minha musica sem traves para os ouvidos mais atentos
continuarei jogando

luz de sombras

podendo ser a musica que encanta o mar
serei canção no embalo das ondas
sabendo da emoção na mão do violão para tocar
serei a voz na tua luz de sombras
me diz se vais a vida pela vela que soprar
me diz que o mundo gira no punhal das guerras
me diz quando eu cantar outra canção de algemas
que libertar o povo por detras da terra
sou mesmo o canto na garganta
sou mesmo o santo na emoção da reza
nem que me dite o recado dos ventos
nem que me inspire essa vazão de justos
serei teu amor na escuridão dos temporais
serás minha unção no vendaval dos arbustos

livre

tenho sempre a preocupação de viver minha vida livre
livre de dúvidas, de maus pressentimentos
livre da ira de não poder resolver o mundo
não ligue quando eu gritar aos sete ventos
meus sentimentos serão rios amazonicos inundando
tenho muita vontade de correr meus desejos
sem segredos de viagens sem malditos devaneios
venha me ver quando eu chorar
serei teu presente ao amanhecer
minha emoção é ser livre para amar a todos
quando não puder vencer serei guerreiro

eu vejo

eu vejo o carvão no vão dos teus olhos negros
pinto de cores vivas essa luz das sombras
porque sou homem do escuro
eu vejo o calor da tua boca ao beijar a minha
quando o suor que escorre do rosto
revela o sabor do amargo gelo do frio
porque sou veneno voraz na escosta de pedra
minha seiva salva a selva do bem
minha mente controla o contorno do sol
vamos correr para o mar e ver as espumas no branco
veremos tambem horizonte distante
seremos tambem como pássaro sem asa
se debatendo no vento em busca do ninho
eu vejo
voce não ver?