sexta-feira, 27 de março de 2015

Meu passado trouxe-me a dor da lembrança
me trouxe também o sabor que alcança os medos
Não quero juntar as peças do armário no meu livro
e ter que esquece-lo sem folhas na estante
Meu passado é a arma que me fere e me vigia
Dá-me aos lobos nas noites escuras e me guia para a morte
Meu passado matou o homem que sem sorte chorou
Agora vivo de coração livre sem sombras
Vértice que equilibra o que ficou na mente e em ronda que
sem sangue esfria na lápide

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Perdendo os dentes

Cada uma sabe da sua boca
coisa louca que abre e fecha sentimentos
Sabe ver quando a fome é loba
quando perde os dentes no falecimento
Cada um pode morder os lábios
sem sequer sangrar na língua que lhe morde
Sabe ver o véu da noiva quando corre
livrando-se da voz quando socorre

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

tormenta

nao diga que é demora
na hora da dor todo homem chora
sem amor que o amor tormenta
na mão que não fenda
choro que alma devora

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Vos digo

Em verdade vos digo
Sonhei
E fui ao encontro do sol que imaginei
Sigo ainda a estrela luminar
Que transcende
Que transpira
Que ensina-me cantar
Vos digo que cantei
Sem voz e sem medo
Do que os outros falariam
...
Sem receio do mergulho
Que na certa alcançaria o mais profundo de outro mar
Vos digo que não calo
Mesmo estando em cela morna
Meu desejo é o que suporta
Alma viva ou carne morta
Sou eu mesmo o navegar
Vos digo que pirei
Pelas cores do oceano
Pelas festas pelos panos em que me veste
Por lembrança em teu olhar
Só eu mesmo o meu abrigo
Vos digo

sábado, 10 de novembro de 2012

Sou Guaraní Sou Kaiowá


Sou guaraní sou kaiowá

Sou macuxí tupinambá

Eu sou semente eu sou do ar

Eu sou da terra eu sou do mar

Sou peixe espada voador

Sou da linha do pescador

Quem me conduz é meu cantor

Eu sou quem canta o teu amor

Eu sou maubere crocodilo

Sou peixe boi eu sou do rio

Sou iansã eu sou nago

Aquele grito aquela dor

Eu sou o vento eu sou a flor

Aquele espinho furador

Eu sou ingá eu sou rasteiro

Quem cruza o mar eu sou ligeiro

Ianomami ingaricó

Sou o punhal eu sou cipó

Eu sou a vela sou o mastro

Aquela cruz aquele rastro

Eu sou poema sou canção

Meu canto vem do coração

Quem me conhece ver-me irmão

Sabe que eu sou emoção

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Espero


Espero por voce porque tenho saudade
Porque tenho vontade de morder seu umbigo
Espero por voce porque sou sua verdade
Porque amo demais quando brincas comigo
Quando sonha em meu sonho

Quando canta em meu canto
Quando espera que eu entre
Na tua via lactea
Espero por voce porque sou seu mistério
varanda na sua ventania da tarde
Sopra meu rosto com teu hálito
Diz-me do som que os lábios soam
Espero que me beije ao por do sol
Porque sou como a lua escondida
Porque quero teu cheiro de mar de Timor
Porque sou seu perfume de jardim florido
Exalando flores te fazendo odor
Refletindo cheiro pura poesia
Esperando sempre como sempre estou.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

São Paulo Bali


                                                               São Paulo Bali

Nunca havia cruzado o Oceano Atlantico ate aquela data, quando entrei num voo da Singapura Airlines saindo de Sao Paulo com escalas em Barcelona, Singapura e pousando em Bali, na Indonesia.

Meu coracao me dizia que aquele seria um voo de mudancas, que o que eu encontraria no Oriente nao parecia com nada que eu ja tivesse visto e vivdo antes, e curti toda viagem.

Tudo era novidade quando o aviao pousou em Bali as nove e trinta da noite do dia 31 de Marco, e que logo pude perceber a grandiosidade daquele pais, cheio de arte e de encanto, mas com muito receio de ser enganado por qualquer um que se aproximasse, pois o ingles que eles falam eu nao compreendia, mas logo fui me adaptando aquele sotaque indoneso.

Tenho que admitir que me apaixonei logo, por tudo e principalmente por suas pracas e monumentos, cheios de historia e de beleza, num mundo onde cada detalhe faz toda diferenca.

Peguei um taxi para um hotel chamado Simpang Inn na praia de Kuta, onde eu esperaria a Irone que desembarcaria na manha seguinte vindo de Dili, no Timor Leste, onde ela faz seu trabalho de lingua  portuguesa e onde tambem eu iria passar uns dias logo que nossas ferias de dez dias terminassem.

A primeira noite foi de adaptacao, visto que a troca de fusos horarios mexe com todo nosso sistema biologico, dando uma sensação de ter entrado no tunel do tempo, e com a nítida impressão te que se perdeu alguma coisa no caminho.

Sono dos deuses, por conta do cansaco e logo cedo eu estava de pe, perambulando pela cidade, conhecendo gente, trocando ideias com moradores e turistas, na tentativa de familiaridade com aquela nova realidade em que eu me via, posto que Bali recebe muitos visitantes em todos os periodos do ano.

Fui para o aeroporto receber minha esposa que tinha voo previsto para as tres e trinta da tarde, era primeiro de Abril e nao era mentira, ela chegando numa aeronave da companhia Meparti, e pousando na Indonesia no horario certo, cheia de alegria por me ver e eu receptivo por ve-la e saber que estava tudo bem, depois de dois meses morando no Timor, com muitas saudades. Mudamos de hotel na manha seguinte, indo ficar mais proximo do mar de Kuta, num hotel que parecia mais tranquilo e mais familiar, com pessoas sorridentes e muito atenciosas, nosso lar nos dias vindouros, com piscina, internet wi – fi, quarto confortavel e com certeza mais seguro do que o anterior.

Pagamos todos os dias antecipado, coisa que ja haviamos feito no Caribe, quando da nossa visita a ilha de Margarida, para ter a tranquilidade de poder usar nosso dinheiro em compras e passeios sem preocupacao, e fomos ver o mar.

Ja na praia fomos identificados como brasilerios por um rapaz simpatico que, falando um portugues um tanto complicado apresentou-se pra gente, dizendo a palavra chave da compreensao, Ronaldinho, Ronaldo, com sotaque carregado, e ali comecava nossa amizade com Sigit, um estudante de medicina que havia deixado o consultorio em troca de aulas de surf no mar de Bali, uma sabia escolha para quem vive naquele paraiso na terra.

É esse amigo que mostra toda riqueza e beleza da ilha pra gente, nos levando em museus, praias, restaurantes locais, lojas de habitantes e a custo quase zero, tendo em vista que ele nao queria aceitar quase nunca nossa oferta de pagamento para as nossas visitas aos templos e tudo mais que eu ja citei.

Palavras dele, quem vem a Bali tem que fazer aulas de surf e receber massagem indonesa, ou do contrario nao veio a Bali, como aquele nosso ditado de ir a Roma e nao ver o Papa.

Hora marcada e fomos para o mar para nossa aula com prancha grande, que, de acordo com ele é mais lenta e portanto menos perigosa para alunos iniciantes.

Ficar em pé é uma certeza dada pelo instrutor Sigit, que nos apresentou seu amigo e tambem instrutor como ele, Yupi, que acompanhou Irone, ficando comigo para nossa primeira aula de surf.

Ainda fora da água, algumas noções de como se levantar, como remar, a melhor maneira de produzir uma foto pra Facebook, essas coisas que gostamos de mostrar para os amigos e familiares que ficaram tão distante, e la vamos-nos mar a dentro, cheios de coragem e disposição, fazer uma hora de aula na manha do dia 04 de Abril, voltando para a segunda hora de aula na parte da tarde.

Dali saimos direto para uma casa de massagem em frente a praia, onde pudemos confirmar a sua excelencia, ficamos novos de novo e prontos para mais um dia de passeios e visitas.

Os dias passaram rápido e logo os dez dias de férias se foram e o destino agora era Dili, a capital Timorense, e esse é outro capítulo.