quarta-feira, 8 de agosto de 2012

faces da língua

meu verso corta a pele
sem dor
como o sol desce no mar de amor
não sangra só singra
não rema só rima
é verso que brilha
é verso que teima
em faces da língua

a voz do povo

dizia o poeta da floresta
o povo deve sorrir
na festa do povo que canta
no canto do povo daqui
mesmo com a terra em perigo
mesmo que se faça tempestade
é o canto que vai fazer sentido
é o povo que diz a verdade

amor de uma criança

·

saudade

já estou com os olhos que não secam
tirando o sono como tiros pela noite
água que desce das montanhas feito enchente
água corrente no embalo feito açoite
me desconstruo prédio em chamas desmorono
um por de sol que que me apaixona fim de tarde
suor que arde nas manhãs com chuva fria
a melodia dessa lágrima saudade

poesia no caminho

foi teu olhar mirando o céu que me fez livre
o teu calor vestindo o frio me banhou
só teu sorriso ao fertilizar meu canto
só o teu manto recobrindo minha dor
foi teu olhar na poesia do caminho
me fez menino na estrada anoitecer
tua leveza tua pele tua sombra
que fez-me obra de poeta renascer

na mesma solidão

verás o sol tão belo amanhecer
cada gota do orvalho espalhar
solidão de camarin de outro espelho
refletir a sua cor em cada olhar
verás que serei eu o seu cantor
em cada melodia que soar
profusão de olhos no calor
sentimentos qual as velas pelo mar
verás que meu sangrar é coração
que pulsa na corrente das marés
na mesma solidão que me deixou
amando tudo aquilo que tú és

sei tudo

sei tudo do seu corpo
quando dorme quando sonha
se não chora de saudade
se promete que me ama
sei tudo do seu beijo
se molhado me almeja
quando brinca com meus lábios
quando finge que me beija
sei tudo que tú pensas
quando longe me devora
na saudade noite a dentro
no meu choro mundo a fora