terça-feira, 9 de agosto de 2011

agri-doce

sou o doce que teu amargo persegue
sou o amargo que teu açucar segura
não sou cordeiro em pele de lobo que gere
o lobisomem que engole essa criatura
sou tal amante na madrugada que esquenta
...o viajante ultra-solar das alturas
se sou morcego, cego nos dias sem prece
a imensa asa que rufla ao som da bravura
se me demito sou o poder da desordem
se tenho calma, vivo essa angustia que cura
minha semente jogada ao vento no campo
o agri-doce apontando o cetro pra lua

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

imitação

não gosto de comparações
cada um é cada um
e tem em seu interior sua alma viva
gosto do diferente
do que não imita
...gosto daquele que grita
do que vai longe sem dores
daqueles que são errados na mira
mas que acertam no alvo
que superam suas feras
dos que se metem no impossível
e se remetem á salvo
comparar é pra quem não tem identidade
que se acostuma com falsa verdade
nem cover nem imitação
gosto do novo que acende
qualquer cigarro no fogo
e que se doa a qualquer preço
mesmo que perca o jogo

domingo, 7 de agosto de 2011

pecado

não tenho medo do pecado
tenho medo de não saber dizer sim
de não poder de encontrar em mim
e me perder no meio do deserto
pecar é rezar para o nada
...que não te diz como fazer a estrada
e que te leva para ver o sol raiar
tenho medo de ficar preso ao vento e não saber voar

terça-feira, 19 de julho de 2011

sou o osso da boca do cão
caboco remando na estrada
não sou bucha de canhão
nem falo pela boca errada
meu canto é veneno de espinho
...meu vinho é amargo sabor
na mão tenho sempre o bom pinho
tocando canções de amor
me fale se o canto é mais forte
meu lobo faminto é quem fala
sou teu pelo azar da sorte
caboco sabe a hora que cala
me falta a luz dos teus olhos
me falta a onda pra mergulhar
me falta o suor da noite
quando penso em me deitar
quebrar o gelo dos vidros pela manha não tem preço
soltar fumaça pela boca quando fala
no frio é assim, tudo mais calmo, mais lento
embalo de dança sem ter sala e dançar sem arrependimento
neblina e nuvens se aproximam
...o sol se retira sem desculpas
os dias parecem silencio
a dança parece ternura

segunda-feira, 18 de julho de 2011

rio do rastro

é serra é rastro é rio
é tempo que não quer passar
é serra do rio do rastro
que passa a fazer meus passos
a cada hora de espera que pensar
...ao amanhecer a neblina cobre o rio
nenhum rastro de serra tú verás
quando o tempo que se esvazia manso
enquanto sinto o coração acelerar